sexta-feira, 22 de maio de 2015

‘'Parada cardíaca’' não designa causa de morte, como se vê nos jornais





O termo “parada cardíaca”, tão utilizado na mídia mas de maneira totalmente errada, significa o final de toda e qualquer doença ou lesão grave, afinal tudo termina na parada do coração e ela não é a causa de morte de alguém.

Esta semana tivemos, infelizmente, a morte de um Senador da República, representante de Santa Catarina e que teve morte súbita por infarto do miocárdio. Jornais noticiaram da seguinte maneira: “o Senador Luis Henrique faleceu de parada cardíaca”. Logo se vê um grande erro de conceito. Na verdade, ele teve um quadro inesperado de infarto do miocárdio seguido de parada cardíaca. Não sendo possível recuperá-lo dessa parada, ocorreu a morte. Se esta ocorreu em menos de duas horas do inicio dos sintomas, nós a chamamos de morte súbita por infarto do miocárdio.

Ainda em relação ao termo “parada cardíaca”, tão utilizado na mídia mas de maneira totalmente errada, significa o final de toda e qualquer doença ou lesão grave, afinal tudo termina na parada do coração e ela não é a causa de morte de alguém. Uma parada cardíaca por intoxicação, por ferimento, por câncer, por infarto, por derrame cerebral ou por outras causas, se não for recuperada, ou seja, atendida com as manobras conhecidas como ressuscitação cardíaca (massagem, desfibrilação e medicação) em menos de três minutos, é considerada morte definitiva.

Outra questão que é vista principalmente na televisão é o uso de desfibrilador cardíaco. Muitas vezes aparece o monitor de uma UTI, registrando uma parada cardíaca como uma linha reta – isso se chama assistolia, ou seja, o coração fica sem movimentos. Não adianta usar, como já apareceu até em novelas, o desfibrilador, que só poderá ser usado se a parada cardíaca aparecer no monitor, como linha irregular que significa fibrilação ventricular. Aí sim o choque de um desfibrilador poderá reverter esse problema.

Uma terminologia comum é chamar de infarto toda a morte sem causa aparente. Isso é um grande problema, principalmente quando um médico, de modo totalmente irresponsável e antiético, em geral por pressão da família para evitar a realizar no IML a chamada verificação do óbito para causa não conhecida e não violenta, emite o atestado de óbito “falso”, constando ser um infarto do miocárdio. O atestado de óbito é um documento oficial para se poder enterrar um corpo e trazer a informação da causa de morte. Isso é de enorme importância para a saúde publica e mesmo familiar.

Ora, existem doenças familiares e principalmente infecciosas ou crônicas que poderão ser prevenidas com os diagnósticos exatos dos que vieram a falecer. Muitas políticas de saúde dependem da quantidade de determinadas doenças que estão acontecendo.
Várias outras desinformações ocorrem nessa rapidez de informações que são veiculadas pelas várias mídias, o nosso papel é esclarecer na medida do possível, desde bobagens de curas milagrosas e conceitos incorretos dos problemas médicos.


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