As lesões musculares são comuns nos esportes, com sua frequência variando 10 a 55% de todas as lesões. Mais de 90% delas são relacionadas com contusões ou distensões musculares.
Os músculos são os únicos geradores de força capazes de produzir movimento articular. Realizam contração convertendo energia química em trabalho mecânico. São 434 músculos, representando 40% do peso corporal; dentre estes, 75 pares de músculos estriados são envolvidos na postura geral e movimentação do corpo.
As lesões musculares são comuns nos esportes, com sua frequência variando 10 a 55% de todas as lesões. Mais de 90% delas são relacionadas com contusões ou distensões musculares. A contusão muscular ocorre quando um músculo é submetido a uma força súbita de compressão como um golpe direto, por exemplo. Já nos estiramentos, o músculo é submetido a uma tração excessiva levando à sobrecarga das miofibras e, consequentemente, a sua ruptura.
O que distingue a cura da lesão muscular de um osso fraturado é que o músculo esquelético cicatriza através de um processo chamado “reparação”. Nele, há formação de tecido fibroso de entre as duas partes de músculo lesionado, enquanto uma fratura cicatriza por “regeneração”. Ou seja, o osso fraturado é curado através da produção de calo ósseo que, posteriormente, se remodela em tecido ósseo.
Todas as lesões musculares passam por 3 fases no processo de cura:
1) Fase de Destruição: Caracterizado pela ruptura e consequente formação de um hematoma entre os cotos do músculo rompido e uma reação inflamatória.
2) Fase de Reparação: Compõe a produção de uma cicatriz de tecido conectivo, assim como a revascularização por crescimento de capilares na área lesada.
3) Fase de Remodelação: um período de retração e reorganização do tecido cicatricial e recuperação da funcional capacidade do músculo.
Grau I – é o estiramento de uma pequena quantidade de fibras musculares (lesão < 5% do músculo). A dor é localizada em um ponto específico, surge durante a contração muscular contra-resistência e pode ser ausente no repouso. O edema pode estar presente, mas, geralmente, não é notado no exame físico. Ocorrem danos estruturais mínimos, a hemorragia é pequena, a
resolução é rápida e a limitação funcional é leve. Apresenta bom prognóstico e a restauração das fibras é relativamente rápida.
resolução é rápida e a limitação funcional é leve. Apresenta bom prognóstico e a restauração das fibras é relativamente rápida.
Grau II – O número de fibras lesionadas e a gravidade da lesão são maiores (lesão > 5% e < 50% do músculo). São encontrados os mesmos achados da lesão de primeiro grau, porém, com maior intensidade. Acompanha-se de: dor, moderada hemorragia, processo inflamatório local mais exuberante e diminuição maior da função. A resolução é mais lenta.
Grau III – Esta lesão geralmente ocorre desencadeando uma ruptura completa do músculo ou de grande parte dele (lesão > 50% do músculo), resultando em uma importante perda da função com a presença de um defeito palpável. A dor pode variar de moderada a muito intensa, provocada pela contração muscular passiva. O edema e a hemorragia são grandes.
Dependendo da localização do músculo lesionado em relação à pele adjacente, o edema, a equimose e o hematoma podem ser visíveis, localizando-se geralmente em uma posição distal (voltada para o extremo dos membros) à lesão devido à força da gravidade que desloca o volume de sangue produzido em decorrência da lesão. O defeito muscular pode ser palpável e visível.
FATORES DE RISCO
Tais fatores são: as deficiências de flexibilidade, os desequilíbrios de força entre músculos de ações opostas (agonistas e antagonistas), as lesões musculares pregressas (reabilitação incompleta), os distúrbios nutricionais, os distúrbios hormonais, as alterações anatômicas e biomecânicas, as infecções e os fatores relacionados ao treinamento (o aquecimento inadequado, a falta de coordenação de movimentos, técnica incorreta, sobrecarga e fadiga muscular).
O QUE SE SENTE?
A história clínica é marcada por dor súbita localizada, de intensidade variável, algumas vezes acompanhada de um estalar audível ou de uma sensação de pedrada. Ocorre geralmente durante a explosão muscular na corrida, salto ou arremesso e culmina com a interrupção do mesmo. A intensidade dos sinais e sintomas pode variar de acordo com a sua gravidade.
Ao examinar o paciente lesionado, o medico busca edema localizado, tensão aumentada do tecido ao redor e possibilidade de um defeito (área de depressão local ou “gap”) visível ou palpável. A presença de hematoma tem o significado de uma lesão de maior extensão e gravidade. A contração revela dor local e impotência funcional, caracterizada pela incapacidade de se mover a articulação.
Os estiramentos musculares geralmente não são precedidos por dor localizada ou tensão muscular aumentada no mesmo local; portanto, prever o surgimento de tais lesões não é uma tarefa simples.
TRATAMENTO
Os princípios do tratamento das lesões musculares na fase aguda seguem o método PRICE(proteção, repouso, gelo, compressão local e elevação do membro acometido). O repouso do membro afetado mediante a utilização de órteses (tipoias, muletas, estabilizadores articulares) está indicado nos estiramentos de grande magnitude (lesões graus 2 e 3). Durante o processo de reabilitação, há a necessidade de modificar as atividades de risco.
Durante as fases iniciais deve-se permitir a mobilização do membro acometido dentro dos parâmetros de segurança, para que não haja ampliação da área de lesão. O ultrassom pulsado auxilia na reparação, gerando um aumento do metabolismo local, redução da inflamação e do espasmo muscular, enquanto o ultrassom contínuo estimula a circulação sanguínea.
O laser pode ser aplicado na fase de cicatrização, pois estimula o processo nos tecidos moles e atua na modulação da dor. O ondas curtas pulsado está indicado na fase de cicatrização tecidual, auxiliando na reabsorção de hematomas,
redução do processo inflamatório e do espasmo e na reparação tecidual.
A flexibilidade pode ser iniciada de dois a sete dias após a lesão, realizada de forma suave a moderada de acordo com a resistência da dor. O fortalecimento muscular deve começar tão logo o paciente apresente melhora da dor com leve resistência. Os exercícios devem ser iniciados com baixa intensidade, aumentando-se a intensidade conforme a tolerância do indivíduo.
RETORNO AO ESPORTE
O foco principal da equipe reabilitadora é a da prevenção da recorrência da lesão, pois, muitas vezes, o indivíduo encontra-se completamente livre da dor e aparentemente está apto ao esporte e, em um movimento “banal”, ocorre a relesão. Portanto, quanto maior for o grau dela, maior será o tempo de sua volta.
Os exercícios excêntricos são fundamentais na recuperação da lesão e no retorno gradual aos movimentos específicos do esporte, devido a algumas vantagens biomecânicas, tais como o significativo ganho de força através de um menor recrutamento das unidades motoras quando comparados aos exercícios concêntricos.
Os critérios para o retorno ao esporte são: a flexibilidade semelhante ao membro contralateral, amplitude de movimento normal, ausência de dor e critérios de força muscular semelhantes aos valores prévios à lesão ou ao membro contralateral (acima de 80%). O tratamento cirúrgico é raramente indicado e prioriza as lesões completas, de grande impotência funcional e dissociação importante entre os dois bordos da lesão.
PREVENÇÃO
A prevenção da lesão envolve, principalmente o aquecimento muscular, pois:
– melhora a velocidade e força de contração muscular.
– diminui a viscosidade.
– aumenta a temperatura no músculo.
– aumenta a velocidade de transmissão nervosa.
– diminui a viscosidade.
– aumenta a temperatura no músculo.
– aumenta a velocidade de transmissão nervosa.
O alongamento é controverso, pois, segundo alguns autores, causaria:
– Diminuição de força e velocidade de contração
– Diminuição da sensibilidade do fuso
Outros fatores consagrados incluem:
– Hidratação adequada
– Fortalecimento muscular
– Reequilibrio isocinético muscular
NOVOS CONCEITOS: A TERAPIA CELULAR
Novas técnicas e conceitos têm sido estudados nos tratamentos das lesões musculares, como: os fatores de crescimento derivados de plaquetas, a cultura de células-tronco autólogas, as drogas inibidoras da fibrose, a bioengenharia e a estimulação neuromuscular. Os primeiros, conhecidos como PRP tem sido amplamente utilizados no departamento medico em clubes de futebol profissional.
Apesar de existirem poucos estudos, acredita-se que a infusão do PRP recrutaria um maior numero de células-tronco satélites. Isso alteraria a biologia da cicatrização muscular, aumentando o poder da regeneração muscular. O que se observa na infusão do concentrado de plaquetas em lesões musculares é o alivio mais rápido e prolongado da dor e redução do tempo de retorno ao esporte.
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