quarta-feira, 6 de maio de 2015

O dopping de Anderson Silva



Os anabolizantes drostanolona e androsterona, flagrados no exame antidoping do lutador Anderson Silva, são substâncias permitidas para uso clínico específico, mas banidas no esporte. Trata-se de esteroides anabólicos que imitam o efeito da testosterona, hormônio produzido normalmente pelo organismo, e são usados para potencializar o ganho de massa muscular.
As drogas podem ser prescritas em baixas doses para pacientes que precisam ganhar massa magra, como idosos e anoréxicos. Nesses casos, não oferecem riscos à saúde dos usuários. No entanto, quando elas são usadas por atletas com o objetivo de aumentar a força e o desempenho no esporte, a dosagem é até trinta vezes maior do que a prescrita para pacientes. É aí que mora o perigo. Em alta quantidade, a drostanolona e a androsterona podem causar diversos problemas, incluindo câncer no fígado e morte súbita por parada cardíaca.
Especialistas ouvidos pelo site de VEJA explicaram o funcionamento e os perigos dessas substâncias.
Conheça as substâncias detectadas no antidoping de Anderson Silva
O que são a drostanolona e a androsterona?
Trata-se de drogas feitas em laboratório que imitam o efeito da testosterona, hormônio natural do organismo. Dentre os anabolizantes, essas substâncias são consideradas de efeito leve a moderado, em relação a seu grau de estimulação. “A quantidade ingerida é o que determina a intensidade dos efeitos”, afirma Paulo Zogaib, fisiologista e médico do esporte da Universidade Federal de São Paulo.
Como agem no organismo?
O uso dos anabolizantes, em conjunto com um consumo elevado de proteínas e a prática de exercícios físicos, aumenta a massa muscular e a força do indivíduo, melhorando o desempenho no esporte. “Se uma pessoa consome muito mais proteína do que precisa, o excesso é eliminado. Mas se ela usa anabolizantes, a proteína excessiva não é totalmente eliminada e vai para as fibras musculares”, explica Samir Daher, especialista em medicina do esporte e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE).
Como agem no organismo?
O uso dos anabolizantes, em conjunto com um consumo elevado de proteínas e a prática de exercícios físicos, aumenta a massa muscular e a força do indivíduo, melhorando o desempenho no esporte. “Se uma pessoa consome muito mais proteína do que precisa, o excesso é eliminado. Mas se ela usa anabolizantes, a proteína excessiva não é totalmente eliminada e vai para as fibras musculares”, explica Samir Daher, especialista em medicina do esporte e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE).
Quais são os riscos que essas substâncias oferecem?
Como são metabolizadas pelo fígado, podem causar sobrecarga hepática e, no caso de uso prolongado, câncer neste órgão. Nos homens, os anabolizantes inibem a produção natural de testosterona, levando à diminuição da quantidade de espermatozoides e à atrofia testicular. Nas mulheres, provocam um quadro de masculinização, com diminuição da mama, engrossamento da voz e aparecimento de pelos. “Podem surgir ainda efeitos metabólicos, como aumento do colesterol ruim e diminuição do bom, além de retenção de água, inchaço e elevação da pressão arterial”, afirma Paulo Zogaib. A curto prazo, o uso provoca maior irritabilidade, agressividade e erupções na pele. “Existem relatos de morte súbita por parada cardíaca, em casos extremos”,

Essas drogas são proibidas no Brasil?
Elas são permitidas em dosagens pequenas e casos clínicos nos quais o paciente precisa ganhar massa muscular. “Elas podem ser indicadas para pessoas que sofreram fraturas ou queimaduras sérias e ficam muito tempo acamadas, ou em casos de bulimia, anorexia ou doenças terminais, quando pessoas emagrecem muito em pouco tempo”, afirma Paulo Zogaib. Samir Daher acrescenta que as substâncias também podem ser prescritas para idosos e pessoas com deficiência de produção de hormônios. “Quando ela é usada como doping, no entanto, a dose é até trinta vezes maior do que a recomendada para pacientes”, afirma.
Quanto tempo essas substâncias permanecem no organismo?
De acordo com Samir Daher, a drostanolona e a androsterona podem ficar mais de um mês no organismo. Para que façam efeito nos esportistas, não basta tomá-las apenas uma vez. Em alguns casos, diuréticos são usados para tentar eliminar a substância, mas o chamado “efeito máscara” também pode ser pego pelo exame de doping. “A política de combate ao doping é grande e a cada ano a lista de substâncias proibidas é modificada. O avanço da tecnologia acontece nos dois lados, tanto para o usuário quanto para a detecção”, afirma.


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