quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Slackline: exercício de andar sobre fita une equilíbrio e concentração


Além dos benefícios físicos, o slackline melhora a concentração, a vida social. A prática ajuda a pensar melhor, o esporte tranquiliza, relaxa, ajuda a aprender a limpar a mente.

Você passa pela praça e vê uma fita estendida entre dois pontos. Pode estar presa em uma árvore, em uma coluna de cimento ou de madeira. E entre um ponto e outro tem uma, ou às vezes até duas pessoas, caminhando como se andassem no ar. Se não estiver com pressa, você vai ficar mais um pouco e logo verá que, para quem está ali sobre aquela fita, ela se transforma na melhor distância entre dois pontos, que pode ser percorrida a passos curtos ou entre um e outro salto mortal. Essa fita recebe o nome de slackline.

Manhã de domingo. É primavera, mas o clima é de um verão daqueles, que só o Brasil tem. A praça José Mota está movimentada, parte da avenida Rondon Pacheco está fechada para os carros e muitas famílias aproveitam para caminhar, andar de bicicleta, patins e skate e levar as crianças para passear. Entre o asfalto da Rondon e a academia ao ar livre na praça tem um banco de areia. O espaço deve ser usado pelas crianças que brincam de fazer seus castelos, mas agora, com duas fitas sobre a área, é o slackline que chama a atenção de quem passa.

Por ali, as mochilas são colocadas ao pé da árvore, dentro delas algumas frutas e garrafas de água. Seus donos estão por ali, “surfando” ou dando saltos mirabolantes na slackline. Hendle Santos de Assunção, 21 anos, é praticante há nove meses. Natural de Coromandel, foi lá onde ele conheceu o esporte. “Andava com os amigos, mas nem tínhamos a corda própria, andávamos em fitas de caminhão mesmo”, lembra.

Quando chegou a Uberlândia, não demorou para encontrar pessoas com interesse comum. “Comecei a treinar mais incentivado por eles, a partir daí fui melhorando nas manobras.” E que manobras! Só de olhar ele saltar, cair com o peito sobre a corda, subir de novo, dar mortal para frente, mortal para trás, é de tirar o fôlego dos mais fracos.

Além da praça José Mota (mais conhecida como praça do Centro de Tecelagem), ele pratica com os amigos na Praça Sérgio Pacheco e no Parque do Sabiá.

Estudante vislumbra um futuro sobre a fita

Aos 17 anos, Luiza Bernardes de Andrade Gomes está terminando o segundo ano do ensino médio. Há um ano e meio, o slackline entrou na vida dela e não parece que vai ser algo passageiro. “Quero fazer Educação Física para dar aulas de slackline. Eu e alguns amigos queremos ter uma academia um dia. Não é nada concreto ainda, por enquanto”, disse. Em tempos em que os jovens muitas vezes são criticados por não pensarem no futuro, só esta ideia já dá pontos extras para Luiza Gomes e os amigos.

Quando se vê a movimentação dela, o equilíbrio, a concentração, não dá para imaginar que estava há algum tempo parada. Machucou o joelho no esporte. Mas não reclama. “A gente praticou na praça da Bicota, onde não deveria, lá o chão não é protegido”, explica. Agora ela está bem, mas segue direitinho as regras. “Geralmente treinamos com colchões, mesmo que seja sobre a grama ou em bancos de areia, para absorver possíveis impactos.”
Apesar da paixão pelo esporte, a frequência dos treinos depende de outras atividades da semana. Quando possível, ela pratica slackline quatro dias por semana, outras vezes só no domingo. A popularidade do esporte só aumenta. Sinal disso é que Luiza Gomes e os amigos já foram convidados até para se apresentarem em escolas.

Praticantes estão de braços abertos para iniciantes

Mike Rodrigues Santos tem 26 anos, é paciente e gosta de ensinar. Percebe-se pelo jeito que ele recebe a reportagem. Praticante de slackline há dois anos, ele afirma ter optado por este esporte, porque, além de trabalhar todos os músculos do corpo, faz bem para a mente.

“Além dos benefícios físicos, o slackline melhorou minha concentração, melhorou minha vida social, porque fiz mais amigos. Quando pratico, eu penso melhor, o esporte me tranquiliza, me relaxa, porque você tem que aprender a limpar a sua mente”, afirma.

Ele aponta para um menino de 12 anos que está dando um show em manobras do trick e aproveita para dizer que o esporte não tem restrição de idade. De crianças a idosos tem praticante, claro, cada um no seu tempo e dentro de sua habilidade. O importante é começar em um lugar apropriado, com colchões, porque a execução de algumas manobras geralmente machuca. Como dizem os atletas: sem dor, sem ganho.

“Sempre que alguém se aproxima e faz perguntas, eu respondo, porque acho legal divulgar o esporte, contar da origem. O Brasil já tem um campeão mundial de slackline e neste ano é sede do campeonato mundial, em Foz do Iguaçu (que aconteceu entre 9 e 11 de outubro). O esporte tem tudo para ficar cada vez mais popular aqui”, afirmou.

Ele estima que Uberlândia tenha entre 30 e 40 atletas que praticam sem folga, mas há mais de cem pessoas que eventualmente comparecem aos encontros para treino. “Deve ter mais gente, esses são só os que eu sei”, diz.

Slackline faz baiano se mudar para Minas Gerais

Faz tempo que a crise é assunto em tudo quanto é lugar. São os impostos altos, preços altos, salário baixo, falta de emprego… A coisa está feia mesmo. O que fazer diante dessa situação? Buscar algo melhor. E faz pouco mais de um ano que o técnico em segurança eletrônica Matheus Vidal, de 21 anos, trocou Itamaraju, uma cidade no sul da Bahia com pouco mais de 60 mil habitantes, por Uberlândia. E o que o slackline tem a ver com isso?


“Eu morava em uma cidade muito pequena. Comecei a praticar slackline sozinho e comecei errado. Minha base era toda errada. E eu me apaixonei pelo esporte. Te incentiva a querer melhorar sempre, a cada manobra. Eu queria evoluir e lá não teria como. Vi que em Minas Gerais havia muitos praticantes e escolhi Uberlândia. Vim para cá com dois pensamentos: conseguir um emprego e praticar slackline”, recorda.


Vidal veio sozinho para Uberlândia, deixando pais e irmãos em Itamaraju. E as coisas vão bem para ele. “Entrei numa loja de manhã e ao meio-dia já estava trabalhando, comecei no primeiro lugar onde fui procurar emprego”, conta. E o slackline… “O esporte me trouxe novos amigos. Agora, Bahia é só no Carnaval, festa de São João e visitas à família”, finaliza.

Repórter treme nas bases

Antes de encerrar a reportagem resolvi sentir esse esporte que meus entrevistados tanto amam. Resolvi tentar – na corda baixa – afinal, olhando parece tão fácil! Com Hendle Assunção de um lado e Mike Santos do outro eu subi na fita elástica. “Não olhe para baixo. Foca em um ponto à sua frente no final da linha. Flexiona o joelho, usa a outra perna como se fosse outro braço. Respira, relaxa”, dizem.

Mesmo a menos de meio metro da areia fofa eu literalmente tremi nas bases. A parada é difícil! Parabenizei mais ainda os atletas, porque o que eles fazem nessa fita elástica não é para qualquer um! É preciso persistência, disciplina e não ter medo de se machucar.

Saiba mais sobre o slackline

Origem: anos 80, nos campos de escalada do Vale de Yosemite, nos Estados Unidos. Popularizou-se no Brasil a partir de 2010

Quem pode praticar: crianças a partir de 5 anos, jovens, adultos e idosos que não tenham nenhuma restrição médica ao esporte

Equipamento básico: uma catraca de tensão e uma fita de 15 m de comprimento e 5 cm de largura encontrados no valor aproximado de R$ 100 dependendo da loja e da marca

Slackline: fita elástica estendida entre dois pontos fixos que fica a mais ou menos 80 cm do chão
Trickline: fita montada um pouco mais alta para execução de manobras
Jumpline: acrobacias com saltos
Longline: fita com o cumprimento maior – chega a 40 m – que existe mais força muscular e equilíbrio dos atletas
Highline: praticado a mais de 5 m de altura e para chegar aí, estima-se que é preciso pelo menos seis anos de experiência e conhecimento de alpinismo
Waterline: prática do slackline sobre a água

Brasileiros: o carioca Carlos Neto venceu o Mundial da Gibbon em 2013 e participou da turnê de 30 anos da estrela pop Madonna em uma coreografia executada na fita. Gabriel Aglio é o primeiro campeão brasileiro da modalidade

Matéria publicada no site Correio de Uberlândia

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