quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Clubes ampliam busca por apoio a esportistas


Uma das maiores reclamações, quando se fala em apoio ao esporte no Brasil, é que os patrocinadores ainda preferem financiar atletas de renome em detrimento de esportistas iniciantes. Os clubes – que oferecem e mantêm as estruturas necessárias para que diversas modalidades se desenvolvam no País -, por outro lado, têm tido papel fundamental na retenção de novos talentos e no fomento ao setor.

Mesmo que o esporte brasileiro tenha ido além do futebol, modalidade número um em aportes, e evoluído em volume de participação no marketing das empresas, quem tem potencial para ser medalhista pode precisar bancar o investimento ou contar com bolsas de incentivo se quiser seguir treinando e disputar campeonatos. Foi assim com o nadador gaúcho Samuel de Bona (24 anos), até que surgiu a oportunidade de ele ser patrocinado pelos Correios.

“O efeito é automático: os atletas passam a contar com auxílio assim que começam a se destacar em campeonatos nacionais, com possibilidade de chegar às Olimpíadas”, destaca o presidente do Grêmio Náutico União (GNU), Francisco Schmidt. No caso do nadador Bona, que já tinha vitórias nacionais, o apoio financeiro veio após a conquista da medalha de bronze no Campeonato Mundial de Maratonas Aquáticas de Barcelona, em 2013. A indicação sempre parte do próprio Comitê Olímpico Brasileiro (COB). “Em alguns casos, empresas como os Correios (que tem um programa de patrocínio ao esporte) os contratam e repassam verbas mensais; em outros, o atleta passa a receber soldo via Exército Brasileiro”, explica Schmidt.

No entanto, a indústria do esporte não perdoa: recentemente, Bona teve o contrato cancelado, “por não ter sido escalado” para as Olimpíadas de 2016. Sem o principal patrocínio, Bona, que treina desde os 14 anos com auxílio do Programa Bolsa Atleta do governo federal (cujos valores mensais variam conforme a categoria, de R$ 370,00 na base até R$ 3.100,00 para competidores olímpicos e paralímpicos), se debruçará agora em projetos para buscar recursos junto à iniciativa privada. “Se houvesse um planejamento de longo prazo nos contratos de patrocínio, seria melhor”, lamenta o atleta. “Sem a verba que eu recebia dos Correios, não poderei completar o circuito mundial, cuja última etapa ocorre na China, em outubro”, desabafa. Bona tem o apoio do Grêmio Náutico União, clube que representa, e do qual recebe um salário. “Também conto com toda estrutura da entidade, incluindo assistência médica e fisioterapia – é fantástico”, elogia.

Schmidt explica que o clube busca constantemente formas de manter o incentivo aos atletas. “Oferecemos ajuda de custo em modalidades como natação, remo, esgrima, ginásticas rítmica e artística e judô. São valores pequenos, porque temos algumas dificuldades.” Segundo o dirigente, muitas vezes um jogador de futebol ganha mais do que uma associação esportiva consegue investir em outras categorias esportivas, como é o caso do GNU – que praticamente depende do valor das mensalidades pagas por associados para cumprir a empreitada. Nos últimos anos, o União contou com patrocínios para a aquisição de equipamentos, modernização de infraestrutura e custeio de viagens. “Os recursos partiram da Confederação Brasileira de Clubes (CBC), que destina cerca de R$ 50 milhões por ano – diluídos entre vários associados. Se conseguimos 1% deste valor, está ótimo”, mensura Schmidt.

Desde 2011, o GNU teve três de seus projetos aprovados junto ao Ministério do Esporte e à Fundação de Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul (Fundergs). Além da compra de equipamentos que possibilitem a atividade esportiva, os valores são utilizados para projetos de formação de atletas, garantindo alguma tranquilidade para que possam treinar, mesmo que seja nas mesmas raias de remo e piscinas frequentadas pelos sócios. As escolas preparatórias do clube contam com cinco mil alunos. “Um percentual do que o GNU gasta em toda a sua estrutura esportiva vai para o atleta de alto rendimento”, aponta o dirigente. O ideal, segundo ele, seria um apoio maior da iniciativa privada, que em geral enxerga somente o futebol como um esporte que dá retorno ao patrocínio. “Se não começarmos a incentivar outras atividades esportivas, elas nunca irão crescer”, adverte.

Falta de recursos interfere nas competições

Antes de se tornar um campeão de esgrima em cadeira de rodas, Jovane Guissone (32 anos) “penou” metade de uma década, batendo na porta de diversas empresas, sem conseguir nenhum retorno. Atualmente, o atleta – que perdeu o movimento das pernas, após levar um tiro na coluna durante um assalto, em 2004 – tem o apoio da Nissan, da Caixa Econômica Federal e do Ministério do Esporte, leva uma vida confortável e tem sua imagem administrada pelo departamento de Marketing do Comitê Paralímpico Brasileiro. Ele ainda recebe todo atendimento médico e fisioterapêutico por parte do Grêmio Náutico União (GCU). Mas, no período em que ainda era morador de um bairro da periferia da cidade de Canoas, enfrentou muitos obstáculos ao decidir investir na carreira iniciada em 2008. Naquela época, o marketing esportivo ainda era recente no Brasil, e poucos conseguiam patrocínio, mesmo entre medalhistas.

“Foi muito difícil, para chegar onde cheguei, enfrentei muitos obstáculos. Sem patrocínio era um caos”, relembra Guissone, que precisava enfrentar diariamente uma rua de chão batido, para depois acessar três meios de transporte público (dois ônibus e trem) a caminho do local dos treinos, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre. Nesse percurso, ele perdia cerca de três horas, e o mesmo ocorria na volta para casa. A falta de recursos financeiros se refletia também na hora de competir, quando precisava pedir emprestado o material dos colegas e parcelar o valor das passagens para viajar. Casado, Guissone sustenta a família. “Hoje tenho um carro, e o tempo que eu perdia no ônibus, posso usar para treinar. Além disso,mudei de casa, e lá tenho tudo adaptado”, compara.

Leis de incentivo ampliam possibilidades de captação

Entre as normas voltadas especificamente para o futebol, a Lei Pelé (nº 9.615/1998) destinou verbas para o esporte olímpico e paraolímpico no Brasil e determinou a profissionalização dos clubes, que foram obrigados a se transformar em verdadeiras empresas. A legislação impulsionou a busca por parcerias junto à iniciativa privada via legislações de incentivo ao esporte. A Lei nº 11.438/2006, por exemplo, permite que pessoas físicas e jurídicas invistam parte do que pagariam de Imposto de Renda em projetos esportivos aprovados pelo Ministério do Esporte.

São normas como essas que garantem os recursos para formação de atletas. Contando com medalhistas mundiais, como os atletas Felipe Kitadai, Mayra Aguiar e Maria Portela, a Sogipa mantém sua equipe de judô assim: com o patrocínio do governo gaúcho – por meio da Secretaria do Esporte e do Lazer e do Pró-Esporte/RS – e também da Oi, do Banrisul, do Zaffari e da Fundergs. Ao todo, a associação recebe R$ 2,5 milhões por ano, entre patrocínios privados, diretos com departamento de marketing das empresas, e incentivados, via leis estadual e federal ou por empresas públicas, como Correios e Banco do Brasil, além de confederações.

De acordo com o vice-presidente de Esporte do clube, Alexandre Algeri, somente em 2012, o retorno para os patrocinadores foi de R$ 51,7 milhões em visibilidade na mídia televisiva. “Isso mostra a grande vantagem de investir no esporte, sem contar ainda o percentual de renúncia fiscal”, defende o dirigente, que busca captação de R$ 3,5 milhões junto à Lei Pelé.

Desde 2007, o clube busca patrocinadores, sem que os atletas precisem ir atrás. “Em nível olímpico, como é o caso da Mayra Aguiar, há também os apoios pontuais.” O dirigente explica que há critérios estabelecidos por nível de atleta. Os que estão em formação, por exemplo, recebem desde bolsa de estudos, passando por direito à equipe multidisciplinar e alimentação, até moradia.

A exemplo dos Estados Unidos, onde as universidades bancam os atletas em formação, à medida que se destacam, a Faculdade Sogipa presta auxílio na caminhada rumo ao pódio. Não à toa, de seis títulos mundiais de Judô, quatro são de atletas do clube. Dali saem participantes de campeonatos municipais, estaduais, brasileiros, sul-brasileiros, panamericanos, mundiais e olímpicos. Atualmente, 40 atletas da Sogipa são subsidiados pelo projeto olímpico, nas modalidades de judô, atletismo e esgrima. Ao todo, são cinco mil praticantes em 24 modalidades esportivas.

Jangadeiros busca apoio para atletas olímpicos

Fernanda Oliveira, que participará das Olimpíadas de 2016 ao lado de Ana Barbachan representando o Jangadeiros pela classe 470 feminino de vela, é motivo de orgulho para o clube. Primeira mulher a conquistar uma medalha olímpica em iatismo para o País a velejadora alcançou o estágio de conseguir patrocínio individual, do Banco do Brasil e da Sulamérica Seguros. Sua rotina de treinos e competições é digna de uma atleta de alto nível.

No entanto, para se obter esses resultados, além de talento, é preciso esforços financeiros que muitas vezes podem ser o motivo da desistência de muitos esportistas. “Deixar de trabalhar a base, na maioria das modalidades, é uma falha. É preciso apostar nos atletas mirins”, argumenta Manuel Ruttkay Pereira, comodoro do Jangadeiros. O clube oferece estrutura para as regatas de alunos de sua Escola de Vela com idade a partir dos sete anos, mas ainda busca por recursos que permitam aumentar o fomento ao esporte. “Os projetos sociais que devem contemplar crianças de escolas públicas, estão em fase final. Assim, elas poderão ter acesso gratuito à nossa escola de velas”, comemora Pereira.

O Jangadeiros mantém um Fundo de Vela, formado por 3% da mensalidade de cada sócio. Os recursos não são altos, diz o comodoro, mas ajudam nos custos com transporte dos barcos e uniformes. O clube trabalha agora na captação de recursos via Lei Estadual de Incentivo ao Esporte – na qual o Banrisul é o maior apoiador – e junto à Fundergs. A meta é conseguir verbas maiores, via Confederação Brasileira de Clubes, pela Lei Pelé.

Investimentos geram reconhecimento para as empresas

A imagem do atleta é a mais positiva possível. Demonstra garra, determinação, disciplina, competência. São conceitos a que todas as empresas gostariam de ter suas marcas associadas. Isso explica porque muitas delas já mantém inclusive projetos voltados exclusivamente para o apoio de esportistas brasileiros. Os Correios, por exemplo, patrocinam o setor desde 1991. Somente entre 2014 e 2015 a empresa investiu mais de R$ 250 milhões em patrocínios vinculados ao esporte. “Vários atletas que hoje têm destaque mundial são patrocinados pelos Correios desde a base”, garante a chefe do Departamento de Comunicação Estratégica da empresa, Graziela Maria Godinho Cavaggioni.

Na mesma linha, a Embratel patrocina 23 atletas, incluindo medalhistas como Cesar Cielo (natação), Sarah Menezes (judô), Emanuel (vôlei de praia) e o fenômeno paralímpico de natação, Daniel Dias.
Recentemente, Dias – que é recordista brasileiro com 15 medalhas em Jogos Paralímpicos e vencedor do Prêmio Laureus em 2009 e 2013 – assinou mais um contrato, desta vez com a Associação Brasileira de Automação (GS1 Brasil). De acordo com o presidente da GS1, João Carlos de Oliveira, Dias é o primeiro atleta que a associação está patrocinando, mas a expectativa é de ampliar o apoio para outros esportistas. “Uma das características que valorizamos é superação e motivação”, justifica o dirigente.

Matéria publicada no site Jornal do Comércio

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