segunda-feira, 22 de junho de 2015

Obesidade e dietas restritivas prejudicam a imunidade



Não é mais novidade para a ciência que os indivíduos com obesidade têm maiores riscos de complicações médicas como diabetes, doenças cardiovasculares, articulares e câncer. Estudos recentes também mostraram que o paciente com obesidade também têm maior tendência à infecções de pele como abscessos e infecções respiratórias, comparando com populações com peso adequado.

Do ponto de vista bioquímico e metabólico a obesidade eleva a produção interna de substâncias chamadas de “citocinas pró-inflamatórias” que quando persistentemente elevadas influenciam na imunidade de maneira negativa. Somado à este fato o sedentarismo, a pouca exposição ao sol e a alimentação desbalanceada contribuem ainda mais para a baixa da imunidade do paciente com peso excessivo.

Na outra ponta encontramos pacientes que iniciam dietas para perda de peso e no meio do caminho também se deparam com uma queda da imunidade e diminuição da resistência física.
Mas como evitar tal situação? É preciso compreender primeiramente que não se deve perder peso “à jato”, já que perda de peso não é gincana que quem ganha é quem for mais rápido. Dietas muito restritivas e com valor calórico extremamente baixo (abaixo de 1.000 calorias) não conseguem suprir o organismo com as quantidades mínimas de proteínas, fibras, minerais e vitaminas, sendo todos estes nutrientes fundamentais para a eficiência imunológica.

À princípio uma dieta hipocalórica que seja destinada à perda de peso deve ser calculada individualmente para o paciente, levando em consideração os seguintes pontos: peso atual do paciente, peso meta a ser atingido, tempo estimado para chegar à meta, nível de atividade física, altura, idade, sexo, doenças associadas, medicamentos em uso e massa magra (muscular) atual.

Após esta individualizada avaliação decide-se o valor calórico da dieta tendo como meta a diminuição de meio a 1 quilo por semana, já que esta quantidade de peso perdida geralmente não leva ao risco de desnutrição. O total proteico da dieta também é de fundamental importância, já que os anticorpos produzidos para nos defender de invasores dependem diretamente de quantidades adequadas de proteínas da alimentação.

O que recomendado é que devemos ingerir entre 0,8 a 1,2 gramas de proteína por quilo de peso atual. Dietas com valor proteico abaixo disto podem gerar ineficiência imunológica. Vale ressaltar que as proteínas podem ser de origem animal como carnes, aves, peixes, ovos, leite e derivados e as de origem vegetal estão presentes nos feijões, ervilhas, grão-de-bico, soja, lentilhas, amaranto, quinoa entre outros. É necessário manter alguns destes alimentos na dieta hipocalórica.

Outra questão a ser discutida é a importância das fibras para o nosso sistema imunológico. Sabe-se que nossa flora intestinal, formada por determinadas bactérias benéficas (lactobacilos), influencia diretamente na eficiência dos anticorpos que produzimos, sendo as fibras importantes alimentos para seu desenvolvimento e manutenção.

Dietas com restrição excessiva de carboidratos por muito tempo, grupo alimentar que carrega as tão importantes fibras, podem levar à diminuição da flora intestinal benéfica e comprometer assim a imunidade.

Dietas com menos de 40% de carboidratos em relação ao total calórico ingerido não conseguem fornecer as quantidades mínimas de fibras recomendadas ao dia, que fica em torno de 25 gramas por dia. Além disto, algumas vitaminas importantes para o sistema imunológico como a vitamina C e algumas do grupo B ficam em quantidades baixas em dietas de baixo valor calórico (menor que 1.000 calorias) e com menos de 40% de carboidratos, já que são encontradas em maior quantidade neste grupo alimentar.

Manter alguns alimentos fontes de fibras é recomendado em qualquer dieta hipocalórica, sendo eles: cereais integrais (pão integral, arroz integral, aveia, amaranto, quinoa, etc), casca das frutas, vegetais folhosos (alface, agrião, rúcula, espinafre, acelga, etc), leguminosas (feijão, ervilha, grão de bico, soja, lentilha), legumes e verduras. É óbvio que a quantidade destes alimentos deve ser racionalmente calculada para cada indivíduo que deseja perder peso. Manter boas fontes de vitamina C também é prudente numa dieta hipocalórica, sendo boas fontes as frutas cítricas como laranja, limão, acerola, kiwi, etc.

Como conclusão deste artigo é importante compreender que as dietas desbalanceadas que excluem grupos alimentares que são fontes de vitaminas e minerais importantes, pobre em proteínas e fibras e de valor calórico muito baixo são à princípio as principais causas de queda de imunidade quando a perda de peso rápida e a qualquer preço é o principal objetivo, não considerando que emagrecer não é se desnutrir. As dietas da moda e as radicais (como exemplo comer só 5 maçãs por dia, acredite, isto existe), que vão sempre existir infelizmente, não devem servir como referência ao olhar criterioso da ciência e apenas servem para vender ilusões e tapar o sol com a peneira, deixando vulneráveis uma legião de indivíduos que adoram acreditar em duendes.

Ao decidir iniciar uma dieta para perda de peso procure profissionais especializados que o ajudem, de maneira criteriosa e adequada, atingir seus objetivos, respeitando suas individualidades clínicas e nutricionais.

Matéria publicada no site O Nortão


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