sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

A arte da superação


Assim como a saúde física, a saúde mental é capaz de produzir crenças que limitam o desenvolvimento humano.

Conheça histórias de superação de pessoas que obtiveram conquistas por terem transformado suas crenças limitantes em crenças fortalecedoras e por terem passado por um período reflexivo muito importante para a superação das adversidades.


Motivados pelo sonho, Mariana de Lima Isaac Leandro Campos, Thiago Paulino e Danielle Nobile lutaram contra todos os desafios e conquistaram feitos inéditos.

Se, para muitos, acontecimentos trágicos e limitadores são motivos para descrédito, para outros são uma mola propulsora que motiva a ver a vida sob outra perspectiva: a da superação. As pessoas que optam por esse caminho acabam mostrando ao mundo que, com desejo e foco, a capacidade humana é quase ilimitada, mesmo em condições desfavoráveis.

Alguns já nasceram com alguma deficiência que os ensinaram a ser fortes, a aceitar diferenças e a conviver harmonicamente com suas próprias limitações. Para outras pessoas, esse caminho não é tão natural: as deficiências surgem em função de um acidente ou de outra situação trágica, e impõem a necessidade de seguir em frente para alcançar os sonhos.

Para Mariana de Lima Isaac Leandro Campos, o caminho até a aceitação da limitação imposta pela surdez decorrente da rubéola foi uma conquista cotidiana. Pela estranheza de sua voz, conversava abertamente apenas com a família e os amigos mais próximos. “Achava que era a única surda do mundo e que era diferente dos demais. Deixei de usar a Língua Brasileira de Sinais (Libras) por um tempo e proibi a minha família de usá-la também. Passei uma fase fingindo ser ouvinte, mas isso não me fez feliz”, conta.

Sua vida mudou quando passou a conviver com outras pessoas que se comunicavam por meio da Libras. Graças à implementação e à regulamentação da lei que reconhece essa língua como meio de comunicação e expressão, portas se abriram em seu caminho, sobretudo, nas esferas acadêmica e profissional. Essa abertura permitiu que Mariana se tornasse a primeira pessoa surda a defender o doutorado no Estado de São Paulo, com o tema “O processo de ensino-aprendizagem de Libras por meio do Moodle da UAB-UFSCar”.

Devido às peculiaridades do caso de Mariana, a defesa da tese, que aconteceu na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em 27 de agosto do ano passado, contou com uma banca realizada de forma pouco tradicional: uma equipe de intérpretes, integrantes do Grupo de Pesquisa Surdez e Abordagem Bilíngue, tratou de verter da Líbras para a Língua Portuguesa e vice-versa, tornando acessível a participação de uma professora surda, por meio da videoconferência, e da própria Mariana. Os membros da banca e a candidata apresentaram as ponderações em sua língua – Libras ou Português – e os intérpretes fizeram a ponte entre os participantes.

Para chegar ao doutorado, Mariana teve que enfrentar antigos desafios de acesso: como os surdos têm a Libras como primeira língua e o português como segunda língua, compreendem o mundo por meio do canal visual e se comunicam com as mãos. “Os professores precisam ter flexibilidade e aceitar que a escrita dos surdos é diferente da escrita dos ouvintes. Faltam ainda profissionais intérpretes de Libras capacitados para lidar com a inclusão das pessoas surdas, pois muitos deles trabalham nas escolas e não têm domínio da Libras, o que acaba prejudicando os surdos. É uma luta sem fim”, ressalta Mariana.

Como no início do doutorado não havia profissionais intérpretes de Libras, Mariana teve que lutar pela contratação dos mesmos pela universidade. No início, amigas doutorandas e usuárias da Libras atuaram como intérpretes para ajudar o aluno do curso de Letras da UFSCar, que era responsável pelas mediações e interpretações, mas desconhecia os sinais específicos da área de educação especial.

Esse começo de adaptações tornou os primeiros anos mais difíceis, barreira superada com muito estudo e dedicação. A conquista inédita faz com que a professora se sinta aliviada e orgulhosa por ter realizado este sonho que julgava distante por ser a primeira e única surda usuária da Libras, em uma universidade despreparada para receber alunos como ela. “Acredito que, hoje, será mais fácil para outros surdos que pretendem entrar no mestrado ou no doutorado. Sempre fui a primeira e única em todos os meus passos e tive que lutar por cada sonho e realização. É uma grande responsabilidade representar os surdos, sendo a primeira doutora surda do Estado de São Paulo”, salienta a professora.

Para a orientadora de Mariana, Cristina Broglia Feitosa de Lacerda, a conquista da aluna mostra que se as instituições de educação abrirem espaço para as pessoas com deficiência, elas os ocuparão com competência. “A deficiência apenas indica um modo diferente de funcionamento, mas há muita capacidade e possibilidade nessas pessoas. O que elas precisam é de oportunidades. Seu conhecimento e competência precisam aflorar”, destaca a Cristina.

Ao abraçar a luta de Mariana, Cristina travou suas próprias batalhas, sobretudo, em relação às dificuldades burocráticas para conseguir um intérprete de Libras para a aluna. A briga valeu à pena, segundo Cristina, não só pela qualidade do projeto de Mariana, mas também pela coragem dela de aceitar o desafio do doutorado e pela certeza de que uma doutora surda poderá fazer muita diferença na luta das pessoas com deficiência nos espaços acadêmicos.

Nessa caminhada, Cristina constatou presencialmente que os sistemas são feitos para as pessoas ditas “normais” e que qualquer diferença é vista como barreira. “A pessoa tem que ser persistente. Enfrentar as barreiras de edital, como o exame em inglês, defender seu direito a usar o português como segunda língua, ter um intérprete em sala de aula, enfrentar o desafio de escrever uma tese em uma língua que não é a sua língua materna”, observa a orientadora.

Para o atleta Thiago Paulino, da ADC Intelli, a deficiência foi adquirida tardiamente, fruto de um acidente de carro sofrido em 2010. “O acidente ocasionou a amputação de parte da minha perna esquerda, e venho me adequando desde então”, conta o rapaz.

O período de adaptação à deficiência não impediu, entretanto, que Thiago colecionasse vários títulos importantes, desde que se tornou atleta profissional, em 2013: venceu campeonatos estaduais, nacionais e bateu recordes brasileiros. “Quebrar os recordes das Américas nas duas modalidades que disputo, o lançamento do disco e o arremesso de peso, foi muito importante, mas ganhar duas medalhas nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto, no Canadá, representando a Seleção Brasileira. Foi o ponto alto de minha carreira”, ressalta o atleta. Um lançamento de 40m66 rendeu medalha de bronze no lançamento de disco. O ouro veio no lançamento de peso, que Thiago garantiu com a marca de 13m57.

O esporte, que surgiu na vida de Thiago como um hobby, conduziu-o para longe. “Quando vesti a camisa da Intelli pela primeira vez, senti que teria que representá-lo da melhor forma possível, por ser um dos maiores clubes de futsal do Brasil, e não poderia decepcionar”, explica o atleta. Conforme os resultados foram aparecendo, Thiago começou a se dedicar cada vez mais.

A jornada de Thiago no esporte começou com o técnico Luís Serafin. “No começo, foi muito difícil, pois não tínhamos apoio. Então, o Aparecido Donizete Silva, técnico da Associação Desportiva Classista Intelli, apresentou-me para o Carlos Silva, diretor da Associação, e tudo começou a dar certo: a parceria foi formada, com o apoio do presidente do Grupo Intelli, Vincenzo Spedicato e de seus filhos Renzo e Chiara, que me deram a estrutura necessária para alcançar o nível em que eu me encontro agora”, afirma o atleta.

A rotina do para-atleta é pesada: são cinco horas por dia, entre arremessos, lançamentos e condicionamento físico, um esforço empenhado na busca pelos sonhos. “Pretendo ganhar uma medalha no Campeonato Mundial, que acontece em Outubro, e uma medalha olímpica no Rio, em 2016. Futuramente, quero implantar um projeto de Atletismo na minha cidade, Orlândia, e trabalhar com crianças, adolescentes e adultos que tenham algum tipo de deficiência. Esse é o meu maior projeto”, afirma.

O desafio em ajudar o atleta a se tornar um grande campeão motivou Higor dos Santos Morceli a assumir a responsabilidade pelo condicionamento físico de Thiago. “É difícil descrever em palavras o significado das conquistas do Thiago, vem de um sentimento de orgulho muito forte: é ver o trabalho reconhecido, é saber que nossos conhecimentos e experiências estão sendo aplicados e utilizados por uma atleta que se preparou por meio dos métodos nos quais acreditamos”, ressalta o preparador físico.

Apesar do treino de uma pessoa deficiente ser um pouco diferente dos demais atletas, em algumas ocasiões, os treinadores trabalham com o mesmo grau de exigência. “Em certos movimentos, exigimos a máxima amplitude do gesto motor, dentro das limitações do Thiago, é claro, mas sempre estimulando ao máximo o seu rendimento. Trabalhamos com certos princípios, para conseguir evoluções, um deles é o princípio da especificidade, que determina que todo treinamento deve ser aplicado respeitando a individualidade biológica do atleta”, enfatiza Higor.

As respostas satisfatórias de Thiago aos estímulos fizeram com que a equipe o visse não como um atleta paraolímpico, mas como um atleta olímpico. “O Thiago tem foco, disciplina, perseverança, determinação e humildade, alguns dos diferenciais que o transformaram em um campeão”, assegura o preparador físico.

Apenas três anos após sofrer o acidente que tirou movimentos de suas pernas, Danielle Nobile realizou uma conquista inédita: tornou-se a primeira mulher a conquistar o Campeonato Brasileiro de Paratriathlon, que aconteceu em Caraguatatuba, em 23 de agosto de 2015. Antes disso, já havia sido campeã da Meia Maratona de Buenos Aires, da Golden Four Asics SP, ambas em 2014, e da Mizuno Half Marathon em 2015. Também conquistou a Wings for Life Brasil no ano passado e este ano, e ganhou o 2º lugar da prova na Itália, como embaixadora brasileira.

A para-atleta sofreu o acidente um mês antes de concorrer ao primeiro triathlon. “Depois de três anos, finalmente, cruzar a linha de chegada de uma prova da modalidade é uma emoção indescritível. Nos últimos 500 m, quando percebi que iria terminar, chorava e ria sem parar, fiquei muito emocionada”, conta Danielle, que agora tem esperança de, um dia, representar o Brasil nos Campeonatos Mundiais.

Quando a tragédia aconteceu, imaginou que, nesse período, voltaria a andar, mas decidiu perseguir seus sonhos no esporte. “Consegui colher bons frutos, estou muito feliz e realizada. Se o plano A não deu certo, o plano B está dando. Sou muito mais feliz com a vida que tenho hoje e não a trocaria pela vida que tinha antes do acidente”, garante a para-atleta. Para chegar nesse nível, Danielle treina seis dias por semana para várias modalidades: handbike, natação, e musculação.

Também faz fisioterapia duas vezes por semana no Centro Universitário Barão de Mauá. A parceria é fundamental no caso de Danielle. Seu estado requer cuidados profissionais e equipamentos específicos dos quais depende para alcançar as condições favoráveis à carreira atlética. Além dos familiares e amigos, no início da carreira Danielle contou com ajuda do primeiro professor de natação, Jones Miller, e de sua médica, Paula Leal. Hoje, tem o apoio de Rodrigo Inouye Gouveia e de Eduardo Visentini, running coaches e personal trainers da Fun Sports – Consultoria Esportiva, da equipe da Cia Athlética e de sua técnica de natação, Ju Bezzon.

Danielle também tem como patrocinadores as empresas São Francisco Saúde, Passaredo, Porto Açaí, Vivian Bogus Fitness, Manipularium, RibeirãoShopping, Bike Center e Evolution Suplementos. Sem esses apoiadores, a para-atleta não teria condições de participar dos campeonatos.

Seu grande sonho é voltar a andar, mas, enquanto isso não acontece, dedica-se a se tornar uma grande atleta e sonha em competir nos mundiais e em ser convocada para as Paralimpíadas. Também quer influenciar mais pessoas a ter uma vida saudável. Há um ano e meio, a atleta fez um blog para incentivar os cadeirantes a buscarem mais qualidade de vida.

O personal trainer de Danielle ressalta que a atleta se mostra perseverante e realista desde o primeiro dia após seu acidente. “Ela traçou um plano A, que é voltar a andar, e um plano B, que é se tonar uma paratriatleta, mas não ficou presa a isso e foi atrás do B. Isso mostra que ela não se entregou aos obstáculos, decidiu enfrentar as dificuldades diariamente, ainda mais focada em seus novos objetivos”, comenta Eduardo, seguro de que a jovem ainda proporcionará muitas alegrias.

Antes de prescrever um programa de atividade física, os treinadores fazem uma avaliação e dimensionam os objetivos de cada indivíduo. A partir daí, têm condições de escolher os caminhos para chegar aos resultados esperados e possíveis. “Cabe ao treinador propor uma atividade condizente com a realidade do atleta — um programa de atividade física para um deficiente não difere de um para não deficiente. Ambos contemplam atividades possíveis de serem realizadas, sendo explorado o que é permitido fazer”, esclarece Rodrigo, ressaltando que a pessoa deficiente não precisa de dó, mas de respeito.

No caso de Danielle, o maior desafio foi a atleta se redescobrir, entender como seu corpo passou a funcionar e o que era capaz de fazer, segundo Rodrigo. Os resultados vieram naturalmente. “A Dani simplesmente dá um banho em todos nós quando o assunto é otimismo, determinação e coragem. Para uma pessoa assim, o difícil seria não alcançar o sucesso”, ressalta Eduardo.

São justamente características como essas que motivam os treinadores a trabalhar com atletas deficientes. “Eles têm garra de viver e de conquistar seus sonhos, não perdem tempo reclamando da vida, vão atrás de seus objetivos e nunca desistem de buscar o que desejam”, conclui Rodrigo.

Lutando contra a corrente


Brigar com as limitações impostas pela deficiência é apenas uma das lutas de Danielle Nobile. A handbike que usa para competições é de ferro e pesa quase que três vezes mais que as de alumínio, usadas pelas demais atletas.

Assim, Danielle tem que carregar muito mais peso que as concorrentes, o que a torna mais lenta nas competições, e evidencia seu talento, pois, apesar disso, ainda é a terceira no ranking nacional de paraciclismo. Essa limitação a impede de concorrer em provas maiores. A handbike também não atende às normas da UCI, a Federação internacional.


Danielle também não tem cadeira de atletismo, usada na parte da corrida nas provas de triathlon — compete com equipamento emprestado. “Sem a cadeira, eu não consigo treinar corrida e melhorar essa parte, na qual sou péssima”, comenta a atleta.

Mesmo com a ajuda de seus patrocinadores, a para-atleta paga com dificuldade as contas domésticas, os custos da dieta e das viagens que realiza para as provas. Já teve que cancelar várias competições por falta de recursos. Como não tem carro, Danielle não pode levar a hanbike para locais onde possa treinar com segurança, e realiza seus treinos no rolo, um suporte que mantém o equipamento girando, sem sair do lugar, dentro do apartamento. “Nos treinos, não enfrento subidas, descidas contra vento e condições climáticas diversas, como encontramos nas provas. Sei que meu desempenho seria melhor se eu pudesse treinar na rua”, explica a campeã. Para o transporte, Danielle conta com a ajuda de um taxista para colocar a handbike e a cadeira de rodas dentro do carro, mas esse serviço é pago.

Por esses fatores, a para-atleta lançou uma campanha, em seu blog, daninobile.com.br, para adquirir uma handbike de alumínio, que vá ao encontro dos padrões exigidos pelos campeonatos e que a possibilite disputar as provas em pé de igualdade com os concorrentes. “Com essa handbike, teria muito mais condições de competir e trazer mais prêmios para a cidade. Espero muito que as pessoas compartilhem deste meu sonho”, conclui a atleta, destacando que as pessoas também podem colaborar fazendo depósito na conta que está no nome de Danielle Nobile Bó (conta corrente 01019668-8, agência 0467 do Banco Santander).

Quebrando limites

Para o coach Fábio Procópio, o que torna pessoas como Mariana, Thiago e Danielle tão especiais é o autoconhecimento. Assim como a saúde física, a saúde mental é capaz de produzir crenças que limitam o desenvolvimento humano. Para Fábio, essas pessoas obtiveram tantas conquistas por terem transformado suas crenças limitantes em crenças fortalecedoras e por terem passado por um período reflexivo muito importante para a superação das adversidades. “Muitas vezes, diante dos desafios, o ser humano se sente forçado a repensar verdades, valores e sentimentos por quererem viver e seguir adiante”, ressalta o coach.

A capacidade de encontrar um foco, elencar ações e colocá-las em prática para chegar a determinado objetivo ou resultado torna as pessoas mais aptas a enfrentarem os desafios. “Com meus clientes, trabalho muito a confiança e a esperança ligadas ao objetivo principal e específico de cada um. É preciso visar e se enxergar em algo maior, que trará benefícios e que seus valores, propósitos e missão de vida estejam presentes nessa jornada”, explica o coach.

O desenvolvimento dessas competências ocorre quando a pessoa passa a se importar mais consigo mesma, permite-se esse período de autoconhecimento e reflexão e começa a questionar se as “verdades absolutas” não são crenças que limitam seu desenvolvimento. “Crenças limitantes são viciantes e podem ser maléficas na reconstrução da autoestima e da confiança pessoal”, afirma o coach, destacando que esta é a hora de se conectar consigo mesmo, com a criança que foi, que pode ensinar como arriscar mais, sorrir mais, pedir mais ajuda, cair e rapidamente partir para uma nova brincadeira.

O único limite que existe no alcance das metas, segundo o coach, é o imposto pelo próprio ser humano, que acredita saber de si e se fecha para as pessoas e para o novo. “As adversidades e os desafios estão presentes em cada um e é preciso rir cada vez mais deles — rir e chorar como uma criança que não tem conceitos pré-estabelecidos sobre a vida, que não enxerga limites para ultrapassar as barreiras e que vê no medo a possibilidade de construir um novo sorriso, com muito mais propósito”, conclui Fábio.


Texto: Carla Mimessi
Fotos: Júlio Sian e arquivo pessoal


Matéria publicada no site Revide

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