A artrite reumatoide é uma doença inflamatória autoimune, ou seja, anticorpos do próprio corpo reagem contra o organismo, no caso, contra a membrana sinovial – estrutura que compõe as articulações. Se não for tratada adequadamente, ela pode causar deformidades, principalmente nas pequenas articulações das mãos, punhos e pés e, com isso, limitar a capacidade funcional, tornando os portadores cada vez mais dependentes de ajuda.
A reumatologista Licia Maria Henrique da Mota, coordenadora da Comissão de Artrite Reumatoide da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), explica que ainda não se sabe exatamente quais são as causas da artrite reumatoide. “Sabemos apenas que ela é uma doença multifatorial, que envolve, principalmente, fatores genéticos e ambientais”.
No entanto, são bem conhecidas as formas de lidar com a doença, retardando sua progressão e aumentando a independência do portador. Além do tratamento medicamentoso, os exercícios físicos são importantes aliados.
Músculos mais fortes protegem as articulações
A reumatologista Tatiana Molinas Hasegawa, do Centro de Qualidade de Vida (CQV), em São Paulo, explica que músculos mais fortes ajudam a proteger a articulação inflamada pela doença autoimune. “A fisioterapia é fundamental em todas as fases da doença, seu objetivo é corrigir e prevenir a perda ou a limitação do movimento articular, a atrofia e a fraqueza muscular e a instabilidade das articulações”.No início, a médica recomenda que a reabilitação seja feita com exercícios isométricos (feitos com a contração muscular sem o movimento do membro) e, posteriormente, com exercícios isotônicos (que envolvem a mesma contração muscular, mas agora com o movimento), introduzindo lentamente exercícios com carga. “Após um período de 12 a 16 semanas, dependendo da evolução de cada paciente, é possível iniciar exercícios de fortalecimento”. E depois desse tempo também que começam a aparecer os benefícios.
Alongamentos aumentam a amplitude de movimento
“Quanto mais cedo for iniciada a fisioterapia, menor será o prejuízo para os movimentos”, explica a reumatologista Tatiana. Além da prevenção, os exercícios de alongamento também aumentam a amplitude do movimento das articulações já prejudicadas, mas que não apresentam destruição irreversível. Infelizmente, se a rigidez já estiver em estágio mais grave, a técnica não vai trazer mais benefícios.O exercício pode amenizar a dor articular
“Os exercícios que promovem o ganho de força muscular ajudam a liberar mediadores químicos que diminuem a inflamação, a dor e ainda proporcionam a sensação de bem-estar – neste caso, em razão da liberação do hormônio serotonina”, explica e reumatologista Tatiana Molinas.A diminuição do peso corporal
O equilíbrio do peso diminui a sobrecarga articular, principalmente nas articulações dos joelhos, tornozelos e pés. A reumatologista Lícia Maria explica que, com isso, fica mais fácil controlar a doença, evitando dores e mantendo a funcionalidade corporal.Mais independência e qualidade de vida
“O exercício físico ajuda a melhorar as funções articulares, fazendo com que as articulações inflamem menos, evitando desgaste da cartilagem das articulações e deformidades irreversíveis”, explica Licia Maria. Além disso, ele dá mais disposição e energia para encarar os desafios do dia a dia.Previne doenças cardiovasculares
A reumatologista Licia Maria explica que a artrite reumatoide ataca o organismo como um todo, e, além das articulações, quem também sente seus efeitos é o sistema cardiovascular. “O risco de eventos como infarto e acidente vascular encefálico é maior no portador da doença”. Praticar exercícios físicos, em conjunto com uma dieta balanceada, ajuda no controle do peso e, em consequência, reduz as chances de aparecimento de uma doença cardiovascular.Cuidados indispensáveis
“Mesmo os pacientes em fase inflamatória da doença, com dor e inchaço articular, podem se exercitar”, explica Tatiana Molinas. Mas há cuidados indispensáveis, como explica a especialista:– O controle da força muscular deve ser acompanhado de perto por um profissional especializado, evitando que os pacientes tenham dor e prejuízo da função articular;
– A participação de uma equipe multidisciplinar – composta por médico, fisioterapeutas, nutricionistas e educador físico – é essencial para o controle da artrite, bem como para garantir a sua boa condição física para a prática de exercícios.
– É indispensável que o paciente esteja fazendo o correto uso da medicação. A atividade física não substitui o remédio.
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