Pressão por evolução em curto espaço de tempo e tentativa de superar limites sem respeitar alertas do corpo trazem prejuízos para saúde de atletas.
Derrota dolorosa do Brasil para a Alemanha. O assunto foi comentado, chorado e discutido à exaustão essa semana. Um dos tópicos levantados, se observado com atenção, é muito pertinente também aos praticantes de corrida: o lado psicológico. Características de personalidade e aspectos psicológicos estão sendo estudados e apontados como fatores que contribuem para as lesões em corredores de rua e para o seu desempenho competitivo.
Não me atrevo, como fisioterapeuta, a tentar explicar os processos psicológicos que afetam os corredores, pois seus complexos mecanismos merecem as palavras de um psicólogo. Mas gostaria de falar sobre coisas que vemos no dia a dia da corrida e que deveriam nos fazer parar para pensar.
Superar ou ultrapassar limites?
Vencer dificuldades e evoluir com certeza são pontos positivos para quem pratica algum esporte. Mas acredito que isso deva ser feito respeitando os limites do corpo. Conheci corredores que se machucaram e não cumpriram o período de recuperação porque já tinham se inscrito em uma prova. O resultado foi uma piora da lesão, demora maior de recuperação e aumento das chances de novas lesões.
Corredor bom é corredor que faz meia maratona e maratona
Percebo certa pressão e ansiedade no mundo da corrida que levam os praticantes a quererem ser maratonistas em um curto espaço de tempo. Pessoas que começaram a correr há menos de um ano, quando inscritas em provas longas, têm um volume de treino excessivamente alto para o seu corpo em estágio inicial, o que pode levar a lesões. Além disso, quem nunca ouviu que em provas longas quem corre é a cabeça? E então, quando um corredor realmente está preparado para uma maratona?
‘No pain, no gain’
“Sem dor, sem ganhos.” Está aí uma frase que muitos profissionais da saúde não gostariam que fosse famosa. A dor é um sinal de alerta do corpo de que algo está errado e deve ser interrompido ou corrigido. Continuar treinando, mesmo com dor, pode agravar algo que era inicialmente simples e não trazer ganhos.
Saber a hora de parar parece algo simples, mas muitas vezes é ignorado por uma urgência de continuar correndo e correndo.
O esporte exige uma atenção interdisciplinar. Cabeça, músculos e pernas devem trabalhar juntos para que o resultado seja prazeroso e saudável.
Matéria publicada pelo site Eu Atleta
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